domingo, 15 de setembro de 2013

VERSOS VAGABUNDOS



Não posso afirmar minha morada
nem minha alegria banida
quanto minha caminhada perdida
ou do meu coração a sua batida.
Sou um vagabundo moderno
que vive em seu passado
escrevendo nas broxuras do caderno
a vida de um malandro adornado em ouro
no seu céu platinado de agouro
com sua vida banhada em prata.
Vê sua riqueza indecente
derreter em rios caudalosos
de sal embebido em águas
tão quentes, dementes e claras.
Vagabundo ébrio
é mau exemplo certo
das vidas escondidas
bom é apenas seu sorriso
como um tordo, delicado impercebido.
Malandro em seus pensamentos
vagabundo em seus momentos
seu sotaque causa duvida
seu mundo particular repulsa
e seu andar o silencio faz esquecer
pois sua história esse vagabundo
tão pouco dono do mundo
ainda vai muitos metros tecer.





sábado, 22 de junho de 2013

OFENSAS




Grito palavras sórdidas e indecentes
te ofendo louca e puramente
pois estou cansado de desculpas
e viro as costas para suas recusas.
Caia em depressão de ser alguém
ou busque ser imitação barata
mas acho difícil pois você nem sabe de quem
já que na arte de viver sois novata.
Não perderei uma unica letra para te falar
o que queria ou não quero mais
suma da minha vida nostalgicamente
para que assim eu viva decentemente.
Ignorar-te será um alivio
que meu orgulho seja um diluvio
e mostre a ti o que fui, sou e serei
já que saudade de ti jamais sentirei.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

O MENINO



Ele era um menino
que sonhava delirantemente
ser um anjo ou ser divino
criativo e inocente.
Buscava saltar as dores do mundo
assombrava as dificuldades da vida
acalentava suas agonias
com a esperança de um gigante
a força de um titã
e a rapidez de uma centelha.
Corria contra o tempo
ou contra o vento
ele não sabe bem o que
mas vai sem temer
esse futuro que não pode ver.
Sua visão distante não se satisfaz
seu tempero de vida perde o gosto
vai se tornando cada vez mais desgostoso.
Sua circulação já se faz pastosa
e em seu rosto rolam lagrimas arenosas
sua boca com um gosto metálico
não traduz mais as escrituras
nem reproduz mais doces palavras.
Cai em um buraco feito em seu peito
não grita por achar desnecessário
não chora por ter orgulho
nem se arrepende dos seus atos.
Vira cada passada em um caminho
reto, discreto e em chão batido
tropeça pedras no caminho
para tentar cair e se machucar
e na dor da queda tentar chorar
mas em vão vê seu seu amargo tempo
lento, retrocesso e distante não acabar.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

VELHO JOHN



Os velhos trilhos sul
tocam canções do Mississípi
e neles vem o velho John
assobiando a sua gaita azul.
Vem em branco listrado
com seu chapéu amassado
cantando o velho John
ao som da gaita azul.

Cante John (2x)
apenas esse som (2x)
Toque John (2x)
assobiando a gaita azul.(2x)

Fumando seu cigarro curto
soltando uma fumaça branca
ofuscante como o dia
são as nuvens do velho John.
Cortando o silencio
com a sua gaita azul
usando preto listrado
separado dos comuns.

Cante John (2x)
apenas esse som (2x)
Toque John (2x)
assobiando a gaita azul.(2x)

segunda-feira, 6 de maio de 2013

CHINELINHOS




Descalço eu fui muitas vezes em teu lar
andava como criança do quarto a cozinha
roçando meu solado ao chão frio
mexendo os dedos como bebês com terras nos pés.

Volto no tempo quando ao me lembrar
do dia que vi ao pé da cama
chinelinhos juntos e postados a me esperar
para acolher meus pés tamanho 43
proteger do frio, das minhas manias
já que não gostava de andar descalço
e de um sentimento de não estar em um lar.

Ao ir embora para o cesto eles iam
esperavam que eu voltasse
para que mais uma vez eu os calçasse
mas isso não acontecerá mais.

Agora eles ficam lá
não poderão mais me esperar
nem voltaram a me proteger do frio
nem poderão ter mais meu nome como dono
nem saberão os motivos de serem jogados
ou guardados em caixas separadas
junto com lembranças boas que doem
e batem em mim como martelo em noz.

Mais me doe saber
que ao olhar para o cesto
sozinho e sem amparo
sentirei medo de ter chorado
medo de ser esquecido
e medo de ter amado
bastando estar em solidão
ouvindo grilos, miados e múrmuros
menos o som do teu sono
do qual quero me esquecer
ou ao menos saber que não tenho mais
e nunca mais terei.

domingo, 21 de abril de 2013

LÁGRIMAS




A sensação de leve abandono
em minhas mãos frias
mostra a solidão que permeia
o casco em que vivo.

O aperto em minha garganta
sufocante e indecente
que aperta lentamente
cada espaço do meu ar.

O gosto salgado em minha boca
espeço e inesquecível
que se apresenta normalmente
pois o desfruto sem parar.

O arrepio e pressão
que sofrem minhas narinas
empurram para cima a dor
e pisoteiam em meu estomago amargor.

Minha face inicialmente quente
esfria lentamente em partes
distintamente separadas
por fios transparentes.

E meus olhos fundos tão dormentes
se enchem marejados e ultrajados
como lagos cavernosos incorruptos
de uma água pálida silenciosa reluzente.



segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

SONHADOR




Aos teus lábios pedi abrigo
o teu ombro para minhas lagrimas fiz de lenço
do teu abraço roubei seu calor
no seu aconchego esqueci minha dor
esqueci meu medo ou qualquer temor
até que acordei e me vi apenas sonhador.

Não saber o que fazes
não ter solução para o que dizes
caçar letras nesse alfabeto inexistente
para dar-te uma resposta coerente
nessa tarde inquieta dormente
deparo com teu silencio insolente.

Faz teu jogo sem regras
onde minhas chances são remotas
sem picos ou baixas quem dirá graça
e no meu peito tenho quebras
minhas ideias ficam tortas
esticadas em um chão de praça.

Aos meus dias fecho os olhos
para poder dormir outra vez
sonhar com teus doces lábios
teu caloroso abraço
e teu ombro solidário
aos meus gostos e querer.