sexta-feira, 19 de outubro de 2012

23




Cada segundo que passa
sinto um momento de paz
sinto como se tivesse alguém que faça

meu sentido lirico adormecer
meu dia passar sem notar
sinto como se algo fosse acontecer.

Um sentido único na vida
um caminho seco, branco cegante
acolhe essa alma caída

que dorme solene singela
calmamente coberta pelo luar
como dos contos de fada é a donzela

serena com seu olhar tardio
como o frio da manhã outonal
com seu sol sem primórdio.

És assim essa data
23 numérico em um documento
da qual minha vida pacata

sem qualquer momento
em especial ou singular
faz algo no qual eu comento

que é agradecer de um dia certo
que logo pode chegar
e espero não ter alguém perto

o dia deleite do meu final leito.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

ESSE É O TEMPO




Havia um tempo
e que bom era o tempo
dos trajes distintos
de branco, seda e carmim.

Com passadas largas
caminhava na praça
sem pressa e com graça
e lhe sorriam as moças
como a rosa vermelha para o beija-flor.

Foi bom o tempo
e já ouve esse tempo
sem dor nem tormento
não precisavam sentir amargor.

Já não se passa
nem a curtas passadas
na rua ou na praça
não tem charme ou calor
nem sorriso, nem cor
nem seu brilho ou amor.

E nesse tempo
que estranho esse tempo
que não param no vento
os aromas de jasmim.

Não sobrou nada
além da passada
agora tímida e sem graça
nesse escuro corredor.

Sobraram apenas as suas histórias
dos tempos de glória
que não voltam mais.
Sobraram apenas as suas lembranças
dos tempos de criança
e dos amores carnais.

Agora o tempo
passou-se esse tempo
sem deixar esperança ou sem esperar
que esses velhos olhos se abrão mais.

Acabou o tempo
se foi esse tempo
que não vai deixar
a voz rouca, velha e sem força cantar
mais uma musica bonita e profunda
antes do seu fim.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

CONGELADO





Ser alguém melhor é difícil
mais fácil cair em um penhasco
ou se perder no caminho do misto universo
terminado no solitário vale do silício.
Um solidão imaginaria que se vive
já que sozinho não é bem a realidade
e mesmo assim sente um vácuo de sentimentos
que apaga qualquer vontade de sorrir
apaga qualquer vontade de viver
apaga qualquer vontade de sentir
e apaga toda a metamorfose de crescer.
Um solido frio se impregna
lamentando na geleira de um coração
a cada gota de depressão que congela
formando sarcófagos das emoções adormecidas
que se esquecem ao ar gélido do passado.
Cabe a quem decidir se isso é exagero
ainda sim sabendo que sentir falta do aroma alegre é um pecado
esse que não se paga mais e nem se remete a alguém
só passa, soma, surta e apaga o ser que vive sem saber amar ou sofrer.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

ANABELA



Lá vem ela, aquela moça fingida de donzela
de saia cumprida, batina e beca
caminha sem salto, olhando alto da favela
caçando um santo que faça um encanto com Anabela.
Sorriso discreto, safado direto que ela faz
busca um segundo para fugir do tumulto e quem ela traz?
Entra no beco sem perder tempo
agarrando um vulto, tenha tento
só olha macho que ela traz.
Nada safado ele cai de boca no tacho
se fazendo de muito macho
parece uva no cacho
pega Anabela que vira Rebeca na hora do ai ai ai.
Eu já disse uma vez
de santa só o fregues
pois ela é quente e na hora não desmente
esfria só quando mente
igual braseiro de cinzeiro
água em ferro de ferreiro
é a beata do estaleiro
de malandro de beira de cais.
Desce Anabela outra vez
doce donzela que escondendo o que fez
querendo outro fregues para brincar de rezar.
Não vale falar, pois ai um tapa ela vira
silencio da boca ela tira
pois barulho não pode ter lá.
Anabela só gosta de carinho
quer um pouco de beijinho
mas se não tomar cuidado ela não para mais.
Anabela...

sexta-feira, 15 de junho de 2012

AMARELO





Na rua um aceno
um carro amarelo
seu oi discreto
seu olhar sereno
o laço em seu cabelo.
Ouvindo seu choro
nesse imenso castelo
seu sorriso antigo 
mostrando flagelo
caindo em seu sono
nesse mundo amarelo.
Passando nervoso
quebrando seu gelo
pedindo um afago
sofrendo sozinho.
Um oi amarelo
seu sorriso sarcástico
meu dia corrido
servindo de modelo
nesse verão nublado
fica distante
seu sentimento belo.
Me diz uma letra
me faz seu elo
me diga um oi
nesse mundo amarelo.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

"HIJO"


Ver situações das quais não posso intervir
me faz sentir a cada momento mais triste
não consigo ter mais a vontade de rir
me diz o que viste
para assim eu poder entender
compreender o que se passa em minha vida
saber o caso de não ter mais o que querer
me mostra esse caminhos sem ida
e me mostra que não vale apena vender
a felicidade que tinha vivendo com vocês.
Cada segundo que perdura
sinto como forma de tortura
uma vida salgada, meio amarga
e agora sem cultura
sem amor, dor ou ternura
é o que passo em um cenário largo
no qual me afogo em um lago
sem barcos, plantas ou emoção
isso despedaça meu chão
come todo o meu pão
e faz do meu peito um simples vão.
Mostra-se mais viril que minha vontade
mata essa raiva seguida de magoa
que impede a bondade casta de seguir
um caminho simples, rustico e pacato
que passa em meio a um pasto
com cavalos montados
por deuses que não sabem
não buscam nem cabem
no amor que tenho por vocês.

quarta-feira, 28 de março de 2012

LADO "B" DA FAVELA


Não leve a mal meu irmão
cada um sabe sua intenção
seu dom e o direito de perdão
chega e me fala então
para que esse corpo no chão?
Sei que não tem mais
nem sabe o qual dos quais
agora vai querer seus pais?
Vai na raça
chama de graça
e grita na praça
a dor de só ver desgraça.
Zé de Zé não tem país
essa vida tem uma raiz
de onde não sei, não fui eu que fiz
qual a solução ? Você me diz ?
Vai irmão
vira ladrão
vai subir só os bons do bonzão
queimando a alma vão
essa é a vida da estrada do cão.
Ser cego, surdo e moco
cabeça dura que nem coco
do coração só o bloco de ódio
vai grandão, solta o pipoco
agora reza para Deus não te pedir troco
pois sua vida já tá muito tempo sem foco.


domingo, 1 de janeiro de 2012

SÃO PAULO


Não busque entender essa cidade
pomposa ostentadora de vaidade
rodeada de prédios e suas ponte de concreto
não basta olhar ou crer, apenas seja discreto.

Ruas escuras sombreando pessoas
corredoras insensatas bem trajadas, mas boas
desfilam com seus ternos na Av. Paulista
fazendo experiencias a todo momento como um alquimista.

Cruzamentos helênicos e famosos
curam a lentidão dos motoristas audaciosos
com suas faixas de pedestre vazias de espaço sobrando
e pessoas que cada vez mais vão correndo e se multiplicando.

Sua garoa fina a muito tempo escondida
batiza seus moradores que andam em suas calçadas a cada dia
abençoando os paulistanos, um por um em sua grafia
fazendo com que tristeza em fumaça negra seja repelida.

Não abandona nenhum de teus apressados filhos
sejam eles agregados, rejeitados ou andarilhos
buscam acalento, sucesso e apoio em teu braço
por isso eu digo, te amo minha querida São Paulo.